Elisa Arruda

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Fantasia de Reverência II

2017
09:58 min
Ilha de Mosqueiro, PA

Sobre a artista

Elisa Arruda (1987) é uma artista nascida na região amazônica do Brasil, em Belém do Pará. É Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela FAUUSP (2017) e atualmente vive e trabalha entre Belém e São Paulo.  

O interesse poético de Elisa tem como cerne o corpo e o espaço como abrigo. Atentando para as formas de abrigar um corpo, a necessidade de proteção frente à auto-exposição e a fragilidade em contraponto à resistência. 

A noção de abrigo pode se dar seja pela paisagem no sentido amplo de espaço extra corpóreo, seja pelo espaço imaterial — lembranças e resquicios imaginais daquilo que se vive. Elisa elabora essas questões em seu trabalho. 
Os temas ligados à memória, laços de afeto, fragilidades, rupturas, maternidade, casa, habitação e vida cotidiana estão subscritos em sua produção.  

Indicada ao Prêmio PIPA 2021. Foi premiada recentemente pelo 1 Prêmio Marcello Grassmann – Artes Gráficas (2021), pelo Edital de Pautas do Espaço Cultural do Banco da Amazônia (2021), participou do 48 Salão Sacilotto (2020), Salão de Itajaí(2018) e a Bolsa de Pesquisa e Experimentação da Casa das Artes do Pará (2017). Realizou exposições individuais sob a curadoria de Alexandre Sequeira (PA), Vânia Leal (PA), Julia Lima (SP),  Renato de Cara (SP) e Yohana Junker (EUA).

As obras da artista paraense Elisa Arruda levantam muitos questionamentos: como andam nossos espaços internos, domésticos, as tensões que se escondem nas dinâmicas entre força e fragilidade, intimidade e alienação, perda e crescimento, proximidade e distanciamento, nossos começos e fins, nossas angústias e potências? 

Ao olhar para as obras da artista vejo refletido o esforço extraordinário que suas personagens fazem para atravessar o dia a dia. Contornadas por incertezas, contorcidas em fragilidades e resistências, elas vão entrelaçando corpos, nomeando receios, remendando histórias, perfurando frustrações, costurando futuros, inventando maneiras de se manterem vivas. 

Elas vão se perguntando: Quantos cortes, incisões, perdas súbitas, mudanças abruptas somos capazes de metabolizar? O que tem escorrido pelas nossas mãos? Quantas solidões cabem dentro do anoitecer? Quantas distrações sustentam nossas ilusões? Como proteger o amanhã? Como reinventar a vida a ponto de interromper tantos ciclos de terror?

À base da faca, da navalha, de linhas, agulhas, costuras, riscos, cortes, perfurações, ponta seca, água forte, objetos e rastros do cotidiano, Elisa Arruda vai suturando uma gramática visual capaz de sustentar presença, testemunhar dores, lidar com ausências, celebrar pequenos triunfos do dia a dia. 

O convite que ela nos propõe carrega a marca do que Jennifer C. Nash chama de uma política de amor e delicadeza — um ato pautado na declaração das vulnerabilidades, num testemunho coletivo e no fortalecimento da intimidade dos laços afetivos.

É preciso sustentar a vida a partir da troca de olhar. 

Mesmo diante de rachaduras, incisões, fissuras e rupturas, há que se cultivar a vitalidade e o afeto como necessidades existenciais. As obras de Elisa aqui reunidas nos desarmam, empoderam e nos ajudam a reivindicar o direito dos nossos corpos à palavra, ao agora, à intimidade, ao recolhimento, à proximidade, ao afastamento, à multiplicidade, à mutação, à presença, à conexão.

Yohana Junker

Fantasia de reverência II é um trabalho dentro de um conjunto de atos  performáticos realizados por Elisa Arruda na Ilha de Mosqueiro (PA) em 2017. 

Nele estão convidados olhares a respeito da fragilidade humana, do corpo como  estruruta possível de ruir. Mitologias e divindades, religiosidades, encantarias  que vem da natureza e seu silêncio. 

A estratégia vestida e gesticulada pela artista é a da construção simbólica por  meio do vestuário fardado, uso de armamentos e auto exposição ao sacrifício.  Elisa fala de obtenção de força. Possibilidades de existências e vitórias.  

O conjunto total de atos chama-se Redoma de vidro e é dedicado ao livro  homônimo de Sylvia Plath.