Juliana Notari

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Mimoso

ideopeformance, 4’44’’

Concepção, realização e direção: Juliana Notari
Direção de fotografia: Rosa Melo e Pablo Nóbrega
Assistente de câmera: Christian Braga
Som direto: Davi Paes
Edição: Fred Benevides / Rodrigo Paglieri
Produção de Set: Leonardo Pirovano
Realização: Brasil Visual / Rosa Melo Produções Artísticas Ltda

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Soledad

videopeformance, 11’49’’, 2014

Concepção, realização e direção: Juliana Notari
Câmera: Neto Dias e Artur Arias
Som direto: Davi Paes
Montagem e finalização: Frederico Benevides
Produção: Mineiro
Produção de Set: Mineiro, Rodrigo Bittencourt e Carol Taveira
Apoio: Alt Produções

Sobre a artista

Artista e pesquisadora na área de artes é doutoranda e mestre em Artes Visuais pelo PPGARTES/UERJ, trabalha com as mais diversas linguagens (instalações, performances, vídeos, fotografias, desenhos e objetos) com abordagem multidisciplinar.
 
Notari participou de exposições nacionais e internacionais, recebeu prêmios, realizou residências artísticas e possui trabalhos em coleções públicas e privadas.
 
Dentre os prêmios podemos destacar: artista finalista do 7º Prêmio Marcantonio Vilaça, 2019, nomeada para o Prêmio PIPA 2018 e 2019; Prêmio do Salão Arte Pará em 2014; Prêmio Funarte – Mulheres nas Artes Visuais em 2013; Prêmio Bolsa de pesquisa no Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco em 2004.
 
Suas principais exposições individuais incluem: ‘Amuamas’, 2018 e “SORTERRO Cap. 5”, 2014, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Recife, PE, 2014); “Desterro: enquanto eles cresciam”, Museu da Cidade do Recife (PE, 2016); “Rire pour Moi, 2009, Galeria da École Supérieure d’Art d’Aix-en-Provence (França, 2009); “REDENTORNO, Galeria Vicente do Rêgo Monteiro, Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj (Recife, PE, 2008); “Diário de Bandeja” Galeria Amparo 60 (Recife, PE, 2008); “Symbebekos”, Galeria Fayga Ostrower, Funarte (Brasília, DF, 2004).
 
Das exposições coletivas destacam-se: ‘À Nordeste’, SESC 24 de Maio (São Paulo, SP, 2010); ‘Exposição do 7º Prêmio Marcantonio Vilaça’, MAB-FAAP (São Paulo, SP, 2010); 37º Salão Arte Pará [Artista Convidada] – Museu UFPA (Belém, PA, 2018): “Bienal Del Sur: Pueblos en Resistencia”, Museu de Belas Artes de Caracas (Venezuela, 2015); “Transperformance 2 – Inventário dos Gestos”, Oi Futuro Flamengo (Rio de Janeiro, RJ, 2012); “Metrô de superfície”, Paço das Artes (São Paulo, SP, 2012); “Festival Performance Arte Brasil”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM (Rio de Janeiro, RJ, 2011); “Tripé/Escrita”, SESC Pompéia (São Paulo, SP, 2010); “Rumos Itaú Cultural de Artes Visuais (São Paulo, SP, Rio de Janeiro, RJ e Salvador, BA, 2009); “Territoires Transitoires”, Palais de la Porte Dorée (Paris, 2005); “O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira”, Itaú Cultural (São Paulo, SP, 2005).
 
Possui trabalhos em acervos particulares e institucionais, a exemplo do Museu de Arte do Rio – MAR (Rio de Janeiro), Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Recife,PE), Coleção do Banco do Nordeste – CCBNB (Fortaleza, CE), Fundação Rômulo Maiorana (Belém, PA), Museu da Universidade Federal do Pará (Belém, PA), Fundação Cultural GUEES (Los Angeles, EUA), Casa Niemeyer e Casa de Cultura da América Latina – CAL, Universidade de Brasília (Brasília – DF).

 

Realizado na Ilha do Marajó em coprotagonismo com o búfalo Mimoso, a ação integra a pesquisa que a artista vem desenvolvendo sobre a presença do corpo feminino em contraposição a uma sociedade que se orgulha da virilidade e do falocentrismo.

Amarrada ao animal e arrastada pela areia da praia do Pesqueiro no arquipélago do Marajó, ciente que após a ação o búfalo seria castrado em seguida, a artista incorpora a castração do animal à obra comendo seu testículo cru embebecida por uma paisagem singular. Como num transe provocado pelo contexto, incorporando a virilidade que fora arrancada do animal, num ato – mais canibal que piedoso – de perpetuação de sua energia libidinal. 

Deslocando assim, uma prática brutal de castração realizada cotidianamente na ilha, para um gesto artístico que sublinha a violência entre as diversas formas de existir.

Tendo como cenário o mausoléu de um cemitério abandonado da cidade de Belém, a câmera acompanha em detalhes a limpeza meticulosa de uma urna do local. A artista – vestida de branco e parecendo-se com uma enfermeira – efetua o trabalho na urna cheia d’água do mausoléu abandonado e repleto de infiltrações. Em um rito que desloca o lugar usual da morte e naturalizando o trato com os restos, a artista retira os ossos da urna (sem luvas) e, após limpá-la, os devolve ao mesmo lugar. Uma troca simbólica é estabelecida no processo: o local vai ficar limpíssimo e a roupa da artista, que anteriormente era branca, vai se impregnar do limo, do pretume, dos signos da morte. A arte é tratada como algo que permeia tanto nossa existência concreta quanto a morte enquanto outra dimensão da vida.

Amarrada ao animal e arrastada pela areia da praia do Pesqueiro no arquipélago do Marajó, ciente que após a ação o búfalo seria castrado em seguida, a artista incorpora a castração do animal à obra comendo seu testículo cru embebecida por uma paisagem singular. Como num transe provocado pelo contexto, incorporando a virilidade que fora arrancada do animal, num ato – mais canibal que piedoso – de perpetuação de sua energia libidinal. 

Deslocando assim, uma prática brutal de castração realizada cotidianamente na ilha, para um gesto artístico que sublinha a violência entre as diversas formas de existir.