Marcone Moreira

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Horizonte de Ferro

Ano: 2014
Formato: video digital, 9’30”, filmagem e edição Avalonik imagem e conteúdo

Sobre o artista

1982, nasceu em Pio XII – MA, Brasil, vive e trabalha em Marabá-PA

Iniciou suas experimentações artísticas no final dos anos 90 e, a partir de então, vem participando de diversas exposições pelo país e no exterior. Sua obra abrange várias linguagens, como a produção de pinturas, esculturas, vídeos, objetos, fotografias e instalações. Seu trabalho está relacionado à memória de materiais gastos e impregnados de significados culturalmente construídos, desenvolvendo uma metodologia de trabalho, em que interessa a apropriação, o deslocamento e a troca simbólica de materiais..

Nascido no Maranhão, o artista Marcone Moreira reside em Marabá nosudeste do Pará, cujo vertiginoso crescimento surgiu com a exploração dasenormes jazidas da província mineral da Serra dos Carajás. Ele é pintor,escultor, fotógrafo e videoartista. Sua agenda inclui a violência na Amazônia, o impacto da mineração sobre a região e a apropriação da madeira com vestígios de pintura de carcaças de barcos e de carroceria de caminhão já exaustos do trabalho. Em alguns casos, ele conjuga a fadiga de materiais provenientes dos dois principais meios de transporte mais comuns do Pará: fluvial e rodoviário. Uma exceção é Horizonte de Ferro (2014), vídeo mais conhecido, não apenas pela importância da estrada de ferro no escoamento do minério de ferro para os portos de exportação, mas sobretudo pelo sentido simbólico que o trabalho adquire para o próprio artista, mas também para o imaginário social da população de Marabá. Historicamente, esse vídeo alude a múltiplos horizontes da biografia de Marcone Moreira e de suas posições críticas sobre a sociedade.

A família de Marcone Moreira migrou do Maranhão, onde ele nasceu, para Marabá no Pará pela Estrada de Ferro dos Carajás (EFC). Em sua cidade de adoção o artista viu a explosão populacional em grande parte alimentada pela EFC, mas também enxerga o aumento da pobreza no Eldorado prometido pela mineração, os tempos culturais e psicológicos, a estagnação social, a economia de subsistência, a faina de crianças e adultos no ganho da vida. Fumacento ou não, o trem é rico um símbolo nostálgico na cultura brasileira. O moderno Alberto da Veiga Guignard pintou a locomotiva “maria-fumaça” nas paisagens imaginadas de Minas Gerais colonial e atemporal. A Bachiana “O trenzinho caipira” de Villa-Lobos poderia ser a trilha sonora de Horizonte de Ferro. Uma chave para entender o sentido nostálgico do vídeo de Marcone Moreira está na canção “Encontros e despedidas” de Milton Nascimento: “Todos os dias é um vai-e-vem / A vida se repete na estação (…) Tem gente que vem e quer voltar ] Tem gente que vai, quer ficar / Tem gente que veio só olhar / Tem gente a sorrir e a chorar/ E assim chegar e partir… [] São só dois lados / Da mesma viagem.” Horizonte de Ferro são aqueles muitos lados da mesma viagem pela vida de Marcone Moreira.