Orlando Maneschy

Mata Lago Bolonha
2012.
série: Desaparições
15 ’52”
Arquivo digital – HD – MOV.

No instante decisivo (amarelo e verde, 2008-2018,
Díptico em Video (apresentado em duas tvs)
2008 – 2018.
06’54

Suspiro en el vacío Suspiro en el abismo
2020
Videoarte
00’51”
Sobre o artista
Artista, Professor e Curador Independente. É líder do Grupo de Pesquisa Bordas Diluídas – CNPq. Realizou Pós-doutoramento supervisionado no Centro de Investigação e de Estudos em Belas Artes da Faculdade de Belas Artes de Lisboa (CIEBA-FBAUL – 2015 a 2016) com bolsa CAPES. É Professor Associado do Instituto de Ciências da Arte – ICA da Universidade Federal do Pará, onde ministra cursos na graduação e pós-graduação (Mestrado e Doutorado). É mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Artes] (2001) e doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Signo e Significação nas Midias] (2005). Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará, com habilitações em: Jornalismo e Publicidade (1991 e 1998 respectivamente), Desenvolve pesquisas em arte contemporânea, como: A relação da Imagem nas Artes Visuais – Mapeamento da produção imagética na arte contemporânea paraense, contemplada pelo Programa de Auxílio ao Recém Doutor – PARD e Acervo de Videoarte Paraense: sistematização e análise crítica, contemplado pelo edital 80/2013 do CNPq. . Tem experiências na área da Arte, Comunicação, Imagem e Moda, em questões teóricas e práticas da imagem e da fotografia. Atua em projetos de arte no Brasil e no exterior. Em 2007 lançou o livro Seqüestros: imagem na arte contemporânea paraense. Dentro de suas ações há a criação e articulação do Mirante ? Território Móvel, que é uma plataforma de ação ativa que viabiliza proposições de arte na cidade de Belém. Em 2008 recebeu Bolsa Funarte de Estímulo à Produção Crítica em Artes (Programa de Bolsas 2008). Foi consultor na região norte no projeto Arte no Brasil: textos críticos do século XX / Documents of 20th century Latin American and Latino Art: A Digital Archive and Publications Project, 2008. No final de 2009 lançou o livro JÁ! Emergências Contemporâneas, livro organizado em parceria com Ana Paula Lima com críticos e artistas brasileiros. Idealizador e curador do Projeto Amazônia, Lugar da Experiência, (contemplado com o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça / Prêmio Procultura de Artes Visuais 2010), projeto este que funda a Coleção Amazoniana de Arte da UFPA. Realizou, dentre outras, as seguintes curadorias: Perspectivas ? Cinco Olhares Sobre a Amazônia, no Mês Internacional da Fotografia de São Paulo, realizado pelo NAFOTO, 1999, SP; O Corpo Sutil das Imagens ? Fotografias de Gratuliano Bibas, Museu do Estado do Pará, 2002; Projeto Correspondência, Galeria ArtSpot, 2003, EUA e seu desdobramento na Galeria Gratulino Bibas, 2008, Belém, PA; Entorno de Operações Mentais, Galeria Fidanza, 2006, PA; Quase Pintura, MABE, 2006, PA; Circuito Distinto, MABE, 2006, PA; Seqüestros, Laboratório das Artes ? Casa das 11 Janelas, 2007, PA; Contigüidades ? dos anos 1970 aos anos 2000 (40 anos de história da arte em Belém), Museu Histórico do Estado do Pará, 2008; Projeto Arte Pará 2008, 2009 e 2010; Amazônia, a arte e Contra-Pensamento Selvagem, (esta última com Paulo Herkenhoff, Clarissa Diniz e Cayo Honorato), 2011 e Amazônia, Lugar da Experiência, em 2012, etc
Próximo de completar três décadas de produção, Orlando Maneschy é um pioneiro da videoarte no Pará, iniciando-se com a experiência Caixa de Pandora (1993), documentário da mostra na Galeria Theodoro Braga em Belém. O artista sinalizou um foco em questões das personalidades mutantes da vida contemporânea, através de amigos performes, que representam gente esquisita, incomum, especiais, inclusive o universo trans. Por isso, Caixa de Pandora também inaugura a agência queer no vídeo do Pará. A produção de vídeos de Maneschy inclui: O Estranho (1995); sem título (Pode falar?, 1997); Coleção (2003); a série Desaparições se desdobra nas seguintes versões: México #00 (2008), Berlim #00 (2009), Wiesbaden #00 e #01 (2009); Mata Lago Bolonha (2011 em Belém), Costa Caparica #01 e #02 (2016); Monserrate Sintra #01 e # 02 e Costa Caparica #03 (2021); sem título [âncoras em desnorteio], parte integrante da instalação Istmo (2011); Homenagem a Turner (2011); Lamb #001 (2012); Instante Decisivo [Amarelo e Verde] (díptico, 2008-2018); Suspiro en el vacío Suspiro en el abismo (2019), entre outros.
Nas Desaparições, o artista adentra em espaços de natureza e caminha até sumir na paisagem, só interrompendo seu percurso quando avançar se torna inviável. O vídeo para Maneschy é um aparelho ágil e móvel que lhe permite experimentar o desvio, a errância, o desnorteio, a deriva, a desorientação, o descaminho, o arruinamento, o abismo, o estranhamento, o atrapalho, tredestinação, a erraticidade, o vazio. Em resumo, a gênese política das Desaparições está no sujeito moderno urbano que se desencontra dos espaços da natureza como uma desnaturalização de si na experiência da vida. Em relances, às vezes quase imperceptíveis, a tensão surge entre a distância afetiva e a paisagem do homem urbano. Mata Lago Bolonha vai mais adiante, pois o artista caminha no bosque que protege os mananciais que abastecem Belém, cidade situada no delta do rio Amazonas, para anunciar a crise hídrica do mundo e dos rios aéreos produzidos pelo regime pluvial da Amazônia.
Na série Desaparições, Mata Lago Bolonha o artista realiza sua ação no bosque que rodeia os mananciais que abastecem a cidade de Belém. Há uma condição luminosa no espaço, com reflexos de raios de luz que se projetam ciclicamente no ambiente, provenientes do ponto de partida do performer. “Tempo e fluxo são questões significativas neste projeto,” arremata Maneschy, “Questões da existência e da temporalidade do homem em relação ao planeta e ao cosmos. A falácia de nossa grandiosidade humana diante da natureza.”
Suspiro en el vacío Suspiro en el abismo (2019) é uma síntese do isolamento pandêmico, desejo de vida, de natureza e do arruinamento moral e material do Brasil inaugurado em 2019. Depois de sete meses de quarentena, o artista vai à praia do Maraú, na ilha do Mosqueiro. Diz Maneschy que se deparou com a força da natureza, do rio-mar que continua ali, seguindo seu curso alheio ao drama e agruras do antropoceno, a despeito de tudo, a despeito da humanidade. A bandeira rota simboliza vida, morte, desalento, silêncio e sufocamento. O horizonte em desalinho é o avesso e o inverso do que os brasileiros esperam para seu país, hoje à deriva.